Síndrome de Cushing em Cães- Sintomas e Tratamento
Certamente, se você é um papai ou mamãe de Pet responsável, já se informou sobre as enfermidades mais comuns dos cachorros, correto? Mas informação nunca é demais!
Neste artigo, traremos informações sobre a Síndrome de Cushing nos cães - sintomas e tratamento, para que, ao notar alteração no seu pet, o diagnóstico possa ser realizado o mais rápido possível, auxiliando na recuperação do mesmo. Continue lendo para saber como esta síndrome afeta nossos 'aumigos' e o que fazer a respeito disso.
O que é a Síndrome de Cushing nos cães?
A síndrome de cushing (ou hiperadrenocorticismo, como também é conhecida) trata-se de uma doença endócrina (hormonal), que ocorre quando o corpo produz altos níveis do hormônio cortisol de forma crônica.
O cortisol é produzido pela glândula suprarrenal em situações limite e de estresse. Ele é constantemente relacionado ao armazenamento de gordura e à perda de massa muscular. Por isso, ele é visto como um hormônio “do mal”. No entanto, como acontece com todos os hormônios, o cortisol tem uma função importantíssima para o organismo, sendo que sua ausência ou acúmulo podem causar complicações graves à saúde.
Um nível adequado de cortisol ajuda para que o corpo responda de maneira normal ao estresse, ajuda a equilibrar o peso corporal, a ter uma boa estrutura dos tecidos e da pele, etc. Por outro lado, quando o corpo sofre um aumento de cortisol e há uma superprodução deste hormônio, o sistema imunológico é enfraquecido, e o corpo passa a ficar exposto a possíveis infecções e doenças, como por exemplo uma diabetes melitus. Este hormônio em excesso também pode danificar muito diferentes órgãos, reduzindo de forma significativa a vitalidade e a qualidade de vida do animal que sofre com esta síndrome.
Causas da doença:
Existe mais de uma origem ou causa da síndrome de cushing em cães. Especificamente, há três possíveis causas que podem provocar a superprodução de cortisol:
Mal funcionamento da glândula hipófise ou pituitária;
Mal funcionamento das glândulas supra-renais ou adrenais;
Origem iatrogênica, que ocorre secundariamente devido a um tratamento com glicocorticoides, corticoesteroides e medicamentos com progesterona e derivados, para tratar certas enfermidades nos cachorros.
As glândulas adrenais produzem o hormônio cortisol, por isso um problema nessas glândulas pode desencadear uma síndrome de cushing. No entanto, as glândulas adrenais são, por sua vez, controladas pelo hormônio que é secretado pela glândula pituitária ou hipófise, localizada no cérebro. Assim, um problema na hipófise também pode causar um descontrole nos níveis de cortisol. Por último, há os glicocorticoides e outros medicamentos que são utilizados para tratar determinadas doenças em cães, mas se mal utilizados, por exemplo em estados contraindicados ou em quantidades e períodos muito elevados, podem acabar produzindo a síndrome de cushing, já que alteram a produção de cortisol.
Pode-se dizer que a origem mais comum da síndrome de cushing, ou hiperadrenocorticismo, entre 80-85% dos casos, é normalmente um tumor ou uma hipertrofia na hipófise, que secreta uma quantidade elevada do hormônio ACTH, responsável por fazer as adrenais produzirem mais cortisol do que o normal. Outra forma menos frequente, entre 15-20% dos casos, se dá nas glândulas adrenais, normalmente devido a um tumor ou uma hiperplasia. A origem iatrogênica é muito menos frequente.
Os sintomas são facilmente confundíveis com aqueles provocados pelo envelhecimento normal. É vital detectar o quanto antes o quadro de sintomas e realizar todos os exames possíveis até diagnosticar a origem da síndrome de cushing e tratá-la o mais rápido possível.
Sintomas:
Sintomas comuns aos cães que desenvolvem a síndrome de cushing são:
Feridas na pele devido à coceira (muitas vezes confundida com Dermatite);
Fome excessiva;
Sede excessiva e, por consequência, aumento de micção;
Ganho de peso;
Obesidade localizada no abdômen (barriga inchada).
(Imagens cedidas por Jéssica Molina)
Barriga inchada Problemas de pele Alergias
Predisposição em alguns cães:
A doença é mais comum em cães adultos, acima dos 6 anos de idade e, sobretudo, acima de 10 anos.
Cães expostos a algum estresse estão mais sujeitos ao aparecimento da doença.
Há indícios que a doença de cushing com origem na hipófise ocorre com maior frequência em cães abaixo de 20 kg. Já a doença com origem na adrenal, é mais comumente detectada em cães acima de 20 kg (embora cães de pequeno porte também possa desenvolver essa última).
Embora o sexo do cachorro não influencie na aparição desta síndrome hormonal, a raça parece sim ter alguma influência.
Conheça algumas das raças mais propensas a sofrer com a síndrome de cushing, de acordo com a origem do problema:
Síndrome de cushing: origem na hipófise:
- Daschshund;
- Poodle;
- Boston terrier;
- Schnauzer miniatura;
- Bichon Maltês;
Síndrome de cushing: origem nas glândulas adrenais:
- Yorkshire terrier;
- Dachshund;
- Poodle miniatura;
- Pastor Alemão.
Síndrome de cushing: origem iatrogênica devido à administração contra-indicada ou excessiva de glicocorticoides e outros medicamentos:
- Boxer;
- Pastor dos Pirineus;
- Labrador retriever;
- Poodle.
Diagnóstico e Tratamento:
Nenhum exame laboratorial é capaz de indicar com 100% de certeza se o cão tem síndrome de Cushing ou não. Por isso, mais de um teste pode ser necessário. Os três exames mais utilizados por veterinários para realizar o diagnóstico são:
Exame de urina de 24 horas para verificar os níveis de cortisol
Medição dos níveis de cortisol no plasma ou na saliva
Exame de supressão de dexametasona
Dosagem de ACTH no sangue.
O veterinário deverá prescrever o tratamento para síndrome de cushing mais indicado, que dependerá completamente da origem que a síndrome terá em cada cão. O tratamento pode ser farmacológico por toda a vida ou até que o cachorro possa passar por uma cirurgia para regular os níveis de cortisol.
O tratamento também pode ser cirúrgico para remoção de tumor ou solucionar o problema apresentado nas glândulas, seja nas adrenais ou na pituitária. Também pode-se considerar o tratamento com base na quimioterapia ou na radioterapia, se os tumores não forem operáveis.
Por outro lado, se a causa da síndrome for de origem iatrogênica, basta interromper a medicação do outro tratamento que está sendo administrado e que está causando a síndrome de cushing.
É necessário considerar muitos outros parâmetros da saúde do cão e das possibilidade em cada caso para decidir se é melhor seguir um tratamento ou outro. Além disso, teremos que realizar visitas periódicas ao veterinário para controlar os níveis de cortisol e ajustar a medicação se for necessário, bem como para controlar o processo pós-operatório.
Esse artigo é de caráter meramente INFORMATIVO, sendo importante que, sempre que seu pet apresentar qualquer atitude fora do normal, seja encaminhado ao médico veterinário para avaliação.
Referências:
FELDMAN, E. C. Hiperadrenocorticismo. In: Ettinger, S. J.; Feldman, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. 4. ed. São Paulo: Manole, 1997.
NELSON, W.W. Hiperadrenocorticismo em cães. In: Nelson, R.W., Couto, C.G. Medicina interna de pequenos animais. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, RJ, 2001.